O PRAZER DE LER

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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

RESUMO DO TP 5- ESTILO, COERÊNCIA E COESÃO

TP 5- ESTILO, COERÊNCIA E COESÃO

Unidade 17: Estilística

A Estilística é uma das disciplinas voltadas aos fenômenos da linguagem. Definindo de forma simples, é o estudo do estilo.
No domínio da linguagem, o estilo é conceituado de várias maneiras pelos estudiosos da Estilística. De modo geral, as definições consideram-no como o resultado da escolha dos recursos expressivos capazes de produzir os efeitos de sentido motivados pela emoção e afetividade do falante.
A Estilística estuda os valores ligados à sonoridade, à significação e formação das palavras, à constituição da frase e do discurso.
No plano sonoro, vários recursos estilísticos podem ser usados: os fonemas, o acento, a entoação, a altura e o ritmo de sílabas, palavras e frases.
A harmonia imitativa é a combinação de recursos sonoros diversos, baseados na repetição de sons e no ritmo.
No plano da palavra, a metáfora e a metonímia constituem importantes recursos de estilo, assim como as tonalidades emotivas das palavras, que indicam a emoção, o sentimento do falante. A formação de palavras também é uma fonte de expressividade.
Os recursos estilísticos no nível do som e da palavra estão presentes tanto no texto escrito quanto no oral.
Nesta unidade, trabalhamos com estilo. A língua portuguesa é riquíssima em expressividade, e os recursos são numerosos. Vimos apenas alguns, ligados a quatro aspectos: som, palavra, frase e enunciação.
Embora seja comum vincular as questões de estilo ao texto literário, é preciso não esquecer que elas estão presentes em todas as variedades lingüísticas e em todos os gêneros. É certo que exemplos de alguns fatos estilísticos são mais facilmente encontrados no texto literário, como a harmonia imitativa, que é peculiar ao texto poético.
Mas o desejo de expressar-se vivamente e evidenciar a afetividade é inerente ao ser humano, portanto, os elementos lógicos da linguagem sempre serão catalisados pelo sentimento do falante.
É justamente pelo caráter humano e universal das manifestações estilísticas na linguagem que uma das definições de estilo mais citadas diz que “o estilo é o homem.”

Unidade 18: Coerência textual

A coerência de um texto não está propriamente no texto, ou na simples organização lingüística: é uma qualidade que se constrói na leitura e interpretação dos textos, sejam eles verbais ou não verbais.
A multiplicidade de experiências de mundo serve de base para compor o “quebra- cabeças” em que se constitui o texto. Quanto maior for a informação do leitor a respeito do tema, maior sua prontidão para interpretar a continuidade de sentidos, a coerência textual.
A harmonia entre as informações que servem de pistas para estabelecer essa continuidade constitui a coerência textual. Portanto, diferentes leitores, com diferentes informações prévias, com diferentes visões de mundo, podem atribuir níveis de coerência diferentes ao mesmo texto.
A coerência é um dos fatores de textualidade que permitem fazer de um amontoado de frases um texto. Mas ela não se prende exclusivamente a aspectos lingüísticos: é resultado da interação entre os interlocutores – autor e leitor – com o texto, e pelo texto numa dada situação sócio-comunicativa.
A dimensão lingüística fornece “pistas” para que, na leitura, seja (re)construído um mundo textual, que pode ou não coincidir com a versão que se tenha do mundo real. A coerência pode estar ligada a uma interpretação e, por isso, depende, em grande parte, das inferências que o leitor seja capaz de fazer a partir das “pistas” textuais e de seu conhecimento do tema e do mundo.
Por isso se diz que, para o estabelecimento da coerência textual, contribuem tanto fatores lingüísticos quanto aqueles ligados ao contexto situacional, os interlocutores em si, suas crenças e intenções comunicativas, além da função comunicativa do texto.
Em suma, a situação sócio-comunicativa fornece critérios relevantes para as decisões sobre a coerência de um texto; e, como gêneros textuais são construções sóciocomunicativas, a coerência também depende do gênero de um texto.
No nível dos elementos lingüísticos, a coerência textual também depende da cooperação do leitor para estabelecer a solidariedade significativa entre as partes de um texto. Muitos subentendidos precisam ser “completados”, muitos “fios condutores” dos raciocínios precisam ser identificados.
A partir de conhecimentos e experiências prévias também vão os elementos lingüísticos se organizando em continuidades de sentidos. Esses elementos funcionam como pistas para a construção de um mundo textual, no qual a coerência se apóia. O nível de habilidade para detectar e compreender essas pistas pode variar de leitor para leitor, de ouvinte para ouvinte; por isso, coerência não é uma questão de tudo ou nada, mas de gradação de possibilidades.
Com o domínio de habilidades de leitura desenvolve-se a consciência para as estratégias que utilizamos na apreensão dessas pistas textuais. Nesse processo, torna-se importante o equilíbrio entre as informações que já são de conhecimento prévio do leitor e as informações novas que o texto pretende trazer.
Outro fator importante é a contextualização de informações, pois pela contextualização é possível perceber como as informações podem ser interpretadas na construção da coerência.
Em suma, é pela coerência textual que se vê – e se faz – a diferença entre um mero amontoado de palavras e um texto.

Unidade 19: Coesão textual

Para que um texto faça sentido, alguns termos lingüísticos colaboram com as relações de coerência. Esses termos são encarregados de “orientar” os modos como as informações fornecidas no texto devem ser interpretadas, marcando a interdependência entre elas.
A coesão textual refere-se, assim, às relações de sentido que se estabelecem no interior do texto.
Enquanto a coerência textual se constrói na relação entre o texto e seu contexto, a coesão se constrói na inter-relação entre as partes do texto, fazendo dele um todo significativo. Por isso, dizemos que o fenômeno da coesão textual é solidário ao da coerência.
Cada um dos elementos que marca essa continuidade é chamado de elo ou laço coesivo. O encadeamento desses elos constitui a cadeia coesiva.
Na falta de marcas explícitas, a própria ordenação das idéias pode ser um elemento de coesão; chama-se, então, coesão por justaposição.
Elos coesivos são os elementos lingüísticos que, em um texto, vão retomando as idéias para dar continuidade aos sentidos textuais. A coesão referencial é constituída por termos lingüísticos que remetem ao mesmo objeto, ou referente.
Um elemento dessa coesão – ou um elo coesivo – pode apontar para referentes fora do texto – na situação sócio-comunicativa – ou para outros termos já explicitados no texto.
Neste segundo caso, a relação entre os elos da cadeia coesiva pode se dar de diferentes maneiras (resumindo, comparando, acrescentando modificadores), envolvendo diferentes classes gramaticais, ou mesmo deixando subentendidos alguns elementos coesivos.
O importante é reconhecer a coesão referencial como um conjunto de “orientações” de retomada de uns elementos para a interpretação de outros no mundo textual.
O fenômeno lingüístico de coesão seqüencial estabelece relações de encadeamento entre as partes do texto, produzindo a progressão temática.
Além de ligar as idéias ou informações, os elementos da coesão seqüencial provocam expectativas de continuidade de sentidos no texto e instruem o leitor/ ouvinte sobre como devem ser interpretados esses sentidos.
Elementos lingüísticos cujo papel semântico é predominantemente de ligação, como preposições e conjunções, além dos advérbios, são os mais geralmente empregados nestes modos de estabelecer coesão. Mas, na falta deles, a mera ordenação de idéias (a justaposição), a reiteração (repetição) e a escolha de vocábulos semanticamente relacionados também podem exercer a função de dar progressividade ao texto.
Tanto a coesão seqüencial, aqui enfocada, como a referencial, objeto da seção anterior, mantêm estreitos laços de solidariedade com a coerência na construção da tessitura textual; por isso, a situação sócio comunicativa e a contextualização não podem ser desconsideradas nestes fenômenos lingüísticos.

Unidade 20: Relações lógicas no texto

Para produzir sentidos, para ser coerente, um texto deve fornecer informações adequadas para que o leitor/ouvinte seja capaz de construir uma representação do mundo textual. As relações lógicas dão “pistas” sobre como essas informações devem ser organizadas. Reconhecer isso é parte das competências de leitura, de interpretação e de produção de um texto.
As relações lógicas de tempo têm a função de localizar os fatos ou eventos referidos pelo texto em “tempos” relacionados ao momento da interação. Podem ser marcadas pela flexão verbal, por expressões substantivas e pronominais (por exemplo, esta semana, próximo ano), por advérbios (por exemplo, agora, amanhã) ou mesmo por preposições (por exemplo, depois, antes).
A relação lógica de identidade estabelece a comparação entre elementos lingüísticos que designam o mesmo objeto de discurso. Ou seja: há diversos nomes pelos quais podemos identificar um objeto quando lemos ou escrevemos um texto. Em uma língua natural, essa identidade nunca é absoluta e total porque o contexto de uso é relevante para criar certos efeitos de sentido ou estabelecer certa orientação na argumentação. O emprego de uma expressão pode apenas indicar um objeto ou pode, também, sugerir uma crítica ou um elogio juntamente com essa indicação.
As “pistas” que levam ao reconhecimento dessas relações lógicas tanto podem estar mais intimamente ligadas aos elementos lingüísticos que tecem a textualidade, como podem estar mais ligadas à situação sócio comunicativa, “fora” do texto, articulando-o com o conhecimento de mundo dos interlocutores.
Embora as relações lógicas sejam, antes de tudo, operações de raciocínio lógico expressas lingüisticamente, a organização lógica de um texto depende também da situação de interação, ou do contexto. Por isso, a escolha de como será feita essa organização corresponde sempre a uma intenção comunicativa que está incorporada ao texto.
A negação é uma relação lógica que representa a exclusão, a rejeição de possibilidade de uma informação, um fato ou uma idéia.
Diferentes porções de um enunciado podem ser negadas: idéias expressas por uma palavra, uma oração ou uma conexão entre orações. Dá-se o nome de escopo da negação aos conteúdos de uma estrutura lingüística que são negados.
Quando não fica muito claro qual o conteúdo negado, falamos de ambigüidade da negação.
Há várias maneiras de negar uma idéia. As expressões lingüísticas mais utilizadas para negar uma informação podem ter a extensão mínima de um prefixo, de uma palavra ou até constituir uma oração e um enunciado inteiro. Alguns exemplos são: não, nenhum, nada, ninguém, nem; nego que..., refuto que...; deixe de..., pare de...; não é verdade que..., é falso que.... Além desses, temos ainda os prefixos que negam: infeliz, desfazer, sem-terra, não pertinente, etc.
Negativas também podem ser usadas para expressar afirmações quando queremos, por exemplo, amenizar a força da afirmação ou orientar a compreensão do texto para determinadas reações no leitor/ouvinte. Por isso, a dupla negativa em língua portuguesa nem sempre corresponde a uma afirmação.
Algumas frases-feitas são sempre usadas na forma negativa, e sua correspondente afirmativa provoca efeitos de sentido diferentes, como na expressão não vale um tostão furado.
Um texto, em geral, se constrói a partir de informações sobre o tema escolhido e sobre relações lógicas que buscam o fio condutor da coerência das idéias entre si e com a situação em que é produzido.
Muitas das informações nem precisam ser explicitadas porque decorrem de idéias já expressas no texto. Pelas relações lógicas recuperam-se tais significados implícitos.
Na relação de hiponímia reconhecemos a abrangência de sentidos dos conceitos e idéias, estabelecendo a hierarquia ou subordinação dos elementos, hipônimos.
Sua contrapartida é a hiperonímia, que focaliza a superordenação dos elementos de uma classe, os hiperônimos.
Relações de condição e de conclusão também marcam a construção de significados implícitos.
A língua dispõe de variados recursos para marcar as relações lógicas que constituem a textualidade e funcionam como “pistas” para a depreensão dos implícitos. As orientações para uma correta interpretação das relações lógicas são parte das relações de coesão e coerência de um texto.
Como o conhecimento partilhado pelos interlocutores e as finalidades comunicativas são fatores decisivos para marcar essas orientações, os gêneros textuais são relevantes na construção lógica do texto – e na conseqüente busca de coerência.
A flexibilidade nas marcas lingüísticas dessas relações está intimamente relacionada ao gênero. Em geral, textos que exploram mais a linguagem poética exigem menor articulação entre as relações lógicas; textos que objetivam maior grau de “cientificidade” fundamentam-se em fortes relações lógicas.

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