O PRAZER DE LER

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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

RESUMO DO TP3 - Gêneros e Tipos Textuais

TP3 - Gêneros e Tipos Textuais

Unidade 9: Gêneros textuais: do intuitivo ao sistematizado

Gêneros textuais são maneiras de organizar as informações lingüísticas de acordo com a finalidade do texto, com o papel dos interlocutores e com as características da situação.
Aprendemos a reconhecer e utilizar gêneros textuais no mesmo processo em que “aprendemos” a usar o código lingüístico: reconhecendo intuitivamente o que é semelhante e o que é diferente nos diversos textos.
Do mesmo modo que desenvolvemos uma competência lingüística quando apreendemos o código lingüístico, desenvolvemos uma competência sociocomunicativa quando apreendemos comportamentos lingüísticos. A identificação dos gêneros está incluída nesta competência sociocomunicativa.
Toda nossa comunicação se dá por textos. E todo texto, por sua vez, se realiza em um gênero.
Gêneros textuais são realizações lingüísticas concretas definidas por propriedades sociocomunicativas; é a situação de produção de um texto que determina em que gênero ele é realizado.
Por isso, gêneros não se definem por aspectos formais ou estruturais da língua: estão ligados à natureza interativa do texto, ou seja, à sua funcionalidade, ao seu uso.
É pelo desenvolvimento da competência sociocomunicativa que aprendemos a organizar e a identificar os diferentes gêneros textuais.
Como o gênero é uma unidade sociocomunicativa, a sistematização no aprendizado e no ensino dos gêneros leva em consideração várias características, que podem ser ligadas ao tema, ao modo de organizar as informações no texto, ou ao uso que se faz do texto nas práticas sociais e discursivas.
Algumas vezes, um texto é intencionalmente usado em um contexto, uma situação sociocomunicativa, diferente do contexto em que o gênero é normalmente produzido.
Consegue-se, com isso, um efeito comunicativo de impacto, mas um outro gênero é produzido.
Também o oposto pode acontecer: informações diferentes podem ser organizadas segundo um mesmo padrão e, apesar de diferentes textos, o mesmo gênero é realizado.
O mais importante, porém, é reconhecer que a identificação, e conseqüente classificação, de gêneros resulta de um “jogo” de fatores lingüísticos e sociais; cada um desses fatores sozinho não pode ser utilizado para classificar um determinado gênero.
Mais ainda: os textos também podem apresentar uma mistura de gêneros, com predominância de um. Por isso as classificações devem sempre levar em consideração a finalidade para a qual o texto é construído.

Unidade 10: Trabalhando com gêneros textuais

Tanto os textos considerados literários, quanto os não-literários, são assim classificados por um conjunto de fatores que não podem ser considerados isoladamente.
Dependendo da função maior que um texto exerce na interação, sua classificação pode variar. Nem o tema, nem a maneira de organizar e explorar o vocabulário podem, por si só, justificar uma classificação.
Os textos considerados literários põem, em geral, em relevo o plano da expressão,
da sonoridade, do jogo de imagens, mas a definição do que seja texto literário, ou poético, pode variar, segundo as escolas literárias.
Em geral, os textos não-literários (funcionais ou utilitários) têm como finalidade maior a informação e, por isso, aspectos estéticos da linguagem – ou a exploração do plano sonoro ou da linguagem figurada – são considerados em segundo plano.
Podemos considerar que os gêneros dividem-se em dois grandes grupos: os literários e os não-literários. Entre os literários está o gênero poético, composto por poemas.
Nesta seção comparamos dois poemas para identificar neles características que permitem assim classificá-los.
A maneira de trabalhar com as palavras, explorando sua sonoridade, suas significações, as imagens sonoras e poéticas que criam, constitui o traço mais marcante do gênero poético. Essas características associadas à finalidade da produção de um gênero poético, ao papel que se espera dos interlocutores, compõem o que chamamos a função sociocomunicativa do gênero poético.
No gênero poético, a função sociocomunicativa visa à exploração estética da linguagem, tanto para quem produz quanto para quem lê, ou ouve. Por isso, os temas do gênero poético podem ser bem diversificados e cada época e lugar, ou cada escola literária, costuma definir suas prioridades temáticas. Também as exigências formais, como de rimas ou métrica, variam de época para época, ou de escola para escola literária.
Apesar de todas essas possibilidades de variação, o texto literário se caracteriza pela exploração de imagens que as palavras podem criar e pela finalidade de proporcionar prazer aos leitores ou ouvintes.
O cordel é um gênero textual com origem na Idade Média, que ainda hoje tem uma função social de ensinamento, de aconselhamento, de transmissão de informações.
Quanto à forma, apresenta características do gênero poético, com rima, métrica e disposição das informações em verso.
Originalmente uma narrativa oral popular, o texto de cordel conserva marcas de oralidade e a forma em verso tem o objetivo de facilitar a memorização para ouvintes muitas vezes analfabetos. Representa também uma transição entre a cultura popular e a literária.
Como os gêneros ficam marcados por sua história, por seu uso, as mudanças no cordel, e nas funções que desempenham ao longo de sua história, confirmam a caracterização do gênero como produto histórico, ligado às condições de sua produção e à situação sociocomunicativa.
É pelo conjunto de características, não apenas por uma ou outra isoladamente, que se pode dizer que este é um gênero poético, e que, no âmbito desse gênero, recebe a subclassificação de cordel, por apresentar, predominantemente, forma em verso, finalidade de aconselhamento, marcas de oralidade, público original muitas vezes analfabeto, temas do cotidiano.

Unidade 11: Tipos textuais

Definem-se tipos textuais pela forma em que as informações são organizadas nos textos; pela predominância das categorias gramaticais que levam o leitor/ouvinte a compreender o texto. Estas estruturas lingüísticas servem de “pistas” para a construção da significação textual: uma seqüência descritiva pode ser comparada a um retrato, ou uma pintura; uma seqüência narrativa pode ser comparada a um filme.
Nas seqüências descritivas, a ordenação dos fatos ou episódios não é relevante.
As seqüências narrativas, ao contrário, caracterizam-se justamente pela “evolução” dos fatos, pela mudança de estado, pelas relações de conseqüência.
Como os tipos costumam aparecer mesclados nos textos empíricos, às vezes, torna-se difícil distinguir as seqüências exatamente; só pelo reconhecimento da predominância de um dos tipos, com uma leitura global do texto, é que isso se torna possível.
Seqüências tipológicas injuntivas ou instrucionais têm por objetivo instruir o leitor/ ouvinte sobre alguma coisa. Por isso, as formas verbais mais freqüentemente empregadas estão no modo imperativo. Por delicadeza, para utilizar uma linguagem mais polida, a intenção de ordem pode ser expressa por perguntas ou por incentivos a alguma ação. O importante é que seqüências instrucionais caracterizam-se por fazer o interlocutor executar alguma ação. A ordenação das ações, por isso, pode ser relevante e a seqüenciação entre os enunciados pode corresponder a uma conexão necessária entre os atos a executar.
Seqüências preditivas têm por objetivo fazer o leitor/ouvinte acreditar em um estado de coisas que ainda está para acontecer. Por isso, predominam os verbos nos tempos futuros e os conectores lógicos não são importantes. Pode-se perceber, formalmente, uma semelhança com a descrição de uma situação futura: uso de verbos de estado e de frases nominais.
Como acontece com os demais tipos textuais, o mais freqüente é a ocorrência das seqüências instrucionais e preditivas mescladas a outros tipos textuais, muitas vezes como parte de outros tipos predominantes.
Enquanto o tipo descritivo enumera as características de um ser (pessoa ou coisa) e o narrativo apresenta uma seqüência de ações, o tipo dissertativo caracteriza-se por descrever, interpretar, explicar ou expor idéias ou conceitos.
Quando o objetivo explícito do texto é apenas apresentar as idéias, sem objetivar convencer o leitor/ouvinte, dizemos que se trata de texto expositivo.
Quando existe o objetivo explícito de fazer o leitor/ouvinte acreditar nas idéias expostas, dizemos que o tipo é argumentativo.
Um texto dissertativo organiza-se sempre em torno de uma idéia central, para a qual outras idéias (secundárias) servem de apoio. Essa idéia central pode ser denominada tese; as outras são os argumentos que dão sustentação à tese.
É comum o texto dissertativo, especialmente o argumentativo, fazer uso de citações de outras pessoas, como também é comum utilizar seqüências de outros tipos como parte do desenvolvimento de suas idéias.


Unidade 12: A inter-relação entre gêneros e tipos textuais

Os critérios de definição para gêneros textuais incluem, além do plano composicional – ou das estruturas lingüísticas –, fatores “exteriores” ao texto: os objetivos, os interlocutores, as relações sociais entre eles, a formalidade e as exigências da situação, etc. Esses fatores são historicamente construídos e, apesar da aparente liberdade na construção dos gêneros, o falante mais atende a “direcionamentos” culturais para suas escolhas do que faz, de fato, valer seu arbítrio.
Os tipos textuais, definidos pela predominância das características lingüísticas, compõem o plano composicional dos gêneros: aparecem na forma de organização do texto. Podem servir também como parte da classificação dos gêneros quando são necessários ou ocorrem com muita freqüência em um ou outro.
De qualquer maneira, é inevitável a articulação entre gêneros e tipos, pois nestes se constróem lingüisticamente aqueles.
Partindo-se do pressuposto de que é impossível nos comunicarmos sem realizar um gênero, temos também que reconhecer que há seqüências de enunciados que se estruturam lingüisticamente de acordo com uma certa forma de organizar as informações no pensamento. Essa construção mais formal, mais teórica, definida pela natureza lingüística de sua composição, chamada tipo textual, integra o plano composicional dos gêneros, e serve, muitas vezes, para caracterizá-los.
Assim, um gênero compõe-se de várias seqüências tipológicas diferentes, e as ‘variadas seqüências tipológicas que compõem um gênero também podem ser muito heterogêneas, mas estão sempre muito interligadas, pois prestam-se à finalidade da realização desse gênero.
É por um complexo de propriedades comunicativas, estilísticas e composicionais que distinguimos um gênero de outro, não apenas por uma delas. É na dimensão composicional que podem ser focalizadas as seqüências tipológicas.
Como produtos sociocomunicativos, os gêneros textuais não comportam uma classificação pré-determinada, ou exaustiva. E essa flexibilidade se estende também à própria capacidade de usar um gênero típico de uma situação em outra situação sociocomunicativa. Ou seja: em cada situação os gêneros podem “migrar” de uma formatação específica para outra, buscando objetivos sociocomunicativos diferentes.
Esse caminho – de transferência de um gênero para outro – também vale para a produção de textos na escola. Os textos são escolares na medida em que são construídos na escola, mas buscam sempre “reproduzir” gêneros que têm vida também fora dos limites escolares. Não deixam, no entanto, de ser objetos válidos e pertinentes no processo de ensino-aprendizagem. Por isso, é importante reconhecer que a circulação de gêneros na escola deve ser muito variada para que seja possível articulá-la com a circulação de gêneros fora da escola e as práticas escolares sejam as menos artificiais possíveis.

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